quinta-feira, 5 de novembro de 2009
O Ser
Que brilhou
E o Ser acendeu
Depois veio o som (om)
Que vibrou
E o Ser estremeceu
Depois veio o prana
Que soprou
E o Ser se estendeu
Depois veio a inteligência
Que analisou
E o Ser conheceu
Depois veio o ego
Que separou
E o Ser disse “eu” (se perdeu)
(retirado do blog Yoga)
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Aprendiz, por Hermógenes
Até do degradado, sujo, vagabundo, dormindo na calçada, até com aquele desgraçado irmão aprendo algo. Com ele, aprendo aonde devo não chegar. Aprendo até onde a ignorância pode arrastar uma alma. Perene aprendiz, a cada instante aprendo alguma coisa. Ao trabalhar, ao passear, ao sofrer, ao gozar, de manhã, à noite, sempre estou querendo aprender, sempre estou a perguntar: Realidade, onde estás? Que és? Quem sou eu?
A cada coisa peço seu mistério.
De cada aparente, tento sacar Aquilo que esconde.
Mas, quando mais aprendo é quando sentado, sentidos desligados, corpo silente, mergulho dentro do perene aprendiz que sou, tento compreender-me, analisando, buscando entender a linguagem silenciosa, mas infinitamente expressiva do universo inerno e profundo que Eu Sou."
(Prof. Hermógenes, Yoga - Caminho para Deus, ed. Nova Era)
terça-feira, 15 de setembro de 2009
Sobre mim
Eu quero... não querer.
Eu tenho... mais do que preciso (embora, normalmente, esqueça disso)
Eu gostaria de ter... 12 horas de sono, ininterruptas
Eu gostaria de não ter... medo
Eu acho... que não importa o que eu ache, as coisas não vão mudar para me agradar
Eu odeio... o "jeitinho brasileiro"
Eu sinto saudades... de minha irmã e sobrinhos
Eu faço... as unhas toda semana
Eu fiz e não faria de novo... (segredo)
Eu fazia e deixei de fazer... comer carne
Eu escuto... MPB e mantras
Eu cheiro... FlowerBomb - ViktorHolf
Eu imploro... por silêncio
Eu me pergunto... O que será que será...
Eu me arrependo... quando como além da conta
Eu amo... família, amigos, os animais, Deus (não necessariamente nesta ordem)
Eu sinto dor... quando me magoam, quando os que amo sofrem
Eu sinto falta... da época em que minha única preocupação era passar de ano no colégio
Eu sempre... sou eu
Eu não fico... sem celular e Internet
Eu acredito... em Deus, e que Ele está em tudo e todos, embora eu não consiga perceber isso a maior parte do tempo
Eu danço... quando estou sozinha e feliz
Eu canto... mantras no carro enquanto dirijo
Eu choro... assistindo filmes
Eu luto... contra meus defeitos
Eu escrevo... no blog, twitter, papéis avulsos que jogo fora
Eu ganho... quando não fumo
Eu perco... quando acendo um cigarro depois de ficar dias sem fumar
Eu nunca... devo dizer nunca, mas nunca aprendo isso
Eu estou... comigo mesma
Eu sou... eu
Eu fico feliz... quando me encontro em meu silêncio
Eu tenho esperança... de encontrar a paz dentro de mim a todo momento, independentemente do que esteja acontecendo externamente
Eu preciso... ser menos crítica, inclusive comigo
Eu deveria... agir de acordo com tudo o que acredito
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Preto e branco
Estou sentada na areia da praia.
O dia nublado.
O mar cinza.
O vento não está gelado.
Ninguém presente.
Nem tão longe, nem tão perto, uma casa de madeira abandonada.
Já viveram naquele local. Será que as pessoas foram felizes?
Ao fundo, um violino chora...
Tudo está leve, tudo está livre.
Estou sentada na areia da praia.
Não tenho o que fazer. Não tenho local para ir.
Continuo sentada na areia da praia.
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Cacos
Rodopiou no ar.
Belo como uma bailarina dançando.
Ao tocar o chão, quebrou-se em mil pedaços.
Um dos cacos atingiu a pele.
Escorreu o sangue.
Vermelho carmim.
Não o suficiente para esvair a vida.
O bastante para deixar uma cicatriz.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Atrasada
Fica a impressão de que cheguei atrasada na estação. Ou será que o trêm partiu antes do horário previsto?
Não importa. O fato é que o perdi e fiquei aqui, sozinha na estação, impedida de viajar.
Pego minha bagagem e sento em um banco. Passo a observar tudo ao meu redor: as pessoas que passam, o chão, a bilheteria, os trilhos que levam para onde eu poderia ter ido, o trêm já longe...
Perdi o trêm. Estou na estação. Sozinha. Observando. Em um local no qual eu nunca imaginei estar. Em uma situação não prevista. Continuo observando. Não sei para onde ir, não sei se devo ficar. Só sei que perdi o trêm. E continuo observando.
Como cheguei até aqui? Provavelmente, pelos passos que dei.
Como perdi o trêm? Provavelmente, porque não tinha consciência dos passos que dava.
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Pedaços de mim
Sou tão maior do que a imagem que vejo.
E meu lado maior é tão menos visível. Até para mim mesma.
Há em mim muitas salas, muitos caminhos que levam a outras salas.
Algumas agradáveis, leves, alegres, com uma bela paisagem. Outras nem tanto.
Algumas que ficam com as portas abertas, para quem quiser entrar, sentar e ficar a vontade. Outras nas quais as portas ainda não foram abertas, que nem eu mesma conheço.
Que bondade de Deus fazer-nos seres eternos!!! Assim tenho muito tempo para conhecer todos os meus cantinhos. Entro em meu silêncio e, a cada dia, dou um novo passo, desbravo um caminho não percorrido, abro uma porta desconhecida e observo uma nova sala.
Desta forma posso admirar e relembrar de todos os ambientes dos quais gostei. E, daqueles não tão agradáveis, a partir do momento que os conheço, posso alterá-los. Fazer uma faxina no lugar, por mais difícil que possa ser, e deixá-lo a meu gosto.
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Jardim
Estava sentada, olhando o horizonte, sem maiores pretensões. De repente, minha visão depara-se com um jardim. Um jardim tão belo, como nunca havia encontrado.
Eram tantas flores, de tantas cores. Já podia imaginar o perfume em minhas narinas. Podia me imaginar dentro do jardim, sentindo-me acolhida pelos raios de sol que lá brilhavam.
No meio das plantas e flores caminhava um gatinho, todo rajado... meigo e brincalhão, como os felinos. Ele me faria companhia.
E eu sentia, sinceramente, que o jardim percebia minha pessoa e desejava minha presença.
Mas ele estava pouco distante. Ainda tinha de caminhar até alcançá-lo. E, depois que entrasse no jardim, seria acolhida e não mais o deixaria. Passaria a cuidar de todas as plantas e animais que ali residissem.
Caminhei vagarosamente. A cada passo reparava em mais um detalhe do jardim, a cada passo queria mais estar dentro dele.
Mas, em certo momento, quando a distância já não era tanta, percebi que o jardim estava protegido. Havia uma redoma de vidro, intransponível, que o contornava. Acredito que era invisível a certa distância, uma vez que eu não a tinha percebido (ou, talvez, eu não quis percebê-la de tão encantada que estava).
Eu não podia entrar no jardim. Já tinha percebido as sensações que teria quando estivesse envolvida por sua natureza e agora... só o vazio, o desejo de lá estar...
Restam duas opções: ficar sentada, apenas observando o jardim, sem poder senti-lo... ou partir, esquecendo que existe um local tão belo.
quarta-feira, 15 de julho de 2009
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Minha mente
Amanhã é Sexta-feira.
Como vai você?
O que tenho para fazer no trabalho?
Preciso mudar de casa.
Tenho de tirar férias.
Como vai você?
O livro que estava lendo terminou. Sentirei saudades.
Estou comigo.
Como vai você?
O trânsito está me cansando.
Pegar as roupas na lavanderia.
Como vai você?
Preciso voltar a caminhar e correr.
O mundo é tão grande, por que me esqueço disso?
Arquivar meus documentos.
Como vai você?
PÁRA!!!
I n s p i r o.
E x p i r o.
I n s p i r o.
E x p i r o.
Silêncio...
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Riscos
Segundo a teoria dos riscos, você deve analisar os riscos existente na situação e em cada decisão que você possa tomar, bem como qual o resultado que pode alcançar, a fim de verificar se vale a pena assumi-los.
É simples, você pode abrir mão de uma rosa que tenha, para evitar a possibilidade de perder uma dúzia de rosas. Ou arrisca a duzia, torcendo para que, ao final, consiga a roseira.
Minha roseira estava tão distante, havia tantos obstáculos para eu a alcançar.
Mas eu a queria, acreditava tanto que precisava dela, que meu grande desejo ocultava a distância, disfarçava os obstáculos. Ah, quanta felicidade se eu a alcançasse...
Passei, então, a observar meu desejo, até conseguir deixá-lo de lado, esperando minha decisão.
Então, pude ver de frente e claramente a distância e os obstáculos. A grande incerteza de que eu conseg uiria alcançar a roseira, a baixa probabilidade do êxito, fez com que eu abrisse mão.
Não posso perder minha duzia de rosas, não agora. Deixo para trás apenas uma rosa, quem sabe a mais bonita, a mais perfumada... Mas sigo em frente, carregando em minhas mãos as rosas que me restaram.
terça-feira, 23 de junho de 2009
Palavras ocultas
Será que, ainda assim, elas podem ser ouvidas?
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Nós
Alguns muito trabalhosos, que exigem paciência de minhas mãos.
Outros muito apertados, os quais sei que machucarão meus dedos.
Mas depois que os nós se acabarem, sentirei a liberdade de mim mesma.
domingo, 14 de junho de 2009
Filme em minha mente
Preciso encontrar o botão da pausa, afinal as cenas já existem, nada mudará.
Qual será a próxima cena? Eu não sei, tampouco posso me preocupar com ela... tenho é de viver o agora, a fim de construí-la da melhor forma possível.
terça-feira, 9 de junho de 2009
Caindo em mim
Nesta queda percebo as cores, os cheiros, as imagens. Tudo o que quer se fixar em mim, que quer aparentar ser minha pessoa. Mas meu verdadeiro eu está lá no fundo, sentado calmamente, observando meu aparente eu despencar em sua busca.
Olhamo-nos por um segundo, breve momento em que o mundo pára e parece que a eternidade faz-se presente.
quarta-feira, 3 de junho de 2009
A porta estreita
"Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que leva à perdição, e muitos são os que entram por ela. Que estreita é a porta, e que apertado o caminho que leva para a vida, e que poucos são os que acertam com ela!" (Mateus, VII: 13-14).
Olhando nossos desejos atuais, esquecendo-se da percepção de que a vida não se circunscreve ao presente, mas segue à eternidade... a porta larga chama-nos.
A porta estreita nos dá a sensação de sufocação. É muito menor do que nosso ego. Temos de deixar muito de nós para trás, a fim de conseguirmos passar por ela.
O que estamos dispostos e preparados a deixar???
domingo, 31 de maio de 2009
Prece
Que a minha prece seja, não para acalmar a dor, mas para que o coração a conquiste.
Permita que na batalha da vida não procure aliados, mas as minhas próprias forças.
Permita que não implore no meu medo, ansioso por ser salvo, mas que aguarde a paciência para conquistar a minha liberdade.
(Rabindranath Tagore)
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Por um momento
Por um momento sinto sob meus pés a areia branca e fofa. Sinto toda a sua certeza ingressando em mim pelas solas de meus pés, que parecem ter se tornado raízes.
Ouço a canção das ondas do mar, uma canção que transmite a mim toda sua paz e força.
Sinto em toda minha pele a energia do sol, um calor que penetra por todas minhas celulas, servindo-me, ao mesmo tempo, como calmante e excitante.
A brisa, que também me toca, traz a alegria.
Então, neste momento meu, inspiro lenta e profundamente o ar que me cerca, o mesmo ar que cerca a todos, e sinto a vida entrando em meu corpo, tocando meu espírito.
Sinto-me crescer, fico maior do que a praia, do que o mar... posso abraçar o mundo...
Este único momento me basta.
Então abro meus olhos, percebo tudo ao meu redor... a areia, o mar, o sol, a brisa... não estão mais aqui... volto a trabalhar.
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Destino Vs Livre Arbítrio
Se existe o destino, não há o livre arbítrio. Se existe este, não há aquele.
Simplesmente porque não há como coexistir destino e livre arbítrio.
Como se afirmar que o destino é certo, se o homem tem as escolhas de seus atos e cada ato praticado leva a uma conseqüência, que, evidentemente, pode afastá-lo do suposto "destino".
Exemplificando: determinada pessoa nasce "destinada" a ser cientista e descobrir a cura do câncer. Contudo, ela não estuda, passa a juventude afundada em drogas, não cursa uma faculdade, decide trabalhar vendendo brincos em uma feira hippie. Evidente que o "destino" não vai acontecer, porque a pessoa, com seu livre arbítrio, não o quis.
Outro exemplo, a pessoa que nasce com o destino de viver até 90 anos, contudo, decide se matar e mergulha, em vôo livre, do quadragésimo andar de um prédio. Vai me dizer que ela não morrerá, porque não é seu destino?!?!?!?
Se assim o for, vou sair dirigindo meu carro a duzentos por ora, passar em todos os sinais vermelhos, não vou mais trancar minha casa, dormirei com as portas escancaradas... afinal, se não estiver no meu destino, nada de ruim irá acontecer... e se o ruim estiver no meu destino, ainda que eu seja precavida, ele irá ocorrer...
Sinto muito aos que crêem piamente no destino, mas ele não me faz o mínimo sentido para mim.
E, se o destino existe, não há livre arbítrio. Se a pessoa está destinada a ser engenheira, não poderá optar pela profissão de música. Não poderá optar por nada que seja diverso ou que a afaste do fadado "destino". Ou seja, havendo destino, não há livre arbítrio!!! Somos meros fantoches, que pensamos que podemos decidir algo em nossa vida.
Prefiro acreditar que há programações. Cada qual nasce (ou reencarna, para aqueles que acreditam) com uma programação. Se será cumprida ou não, está nas mãos da própria pessoa, que possui o livre arbítrio.
Por isso temos de pensar em cada atitude que tomamos, pois o nosso "destino" não está traçado, mas é feito por nós mesmos.
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Encontro comigo
Nosso eu é muito maior do que possamos imaginar. Basta encontrá-lo por um segundo para verificarmos como somos fortes, como somos grandes, como somos "Deuses e não sabemos".
Contudo, acabamos nos perdendo em nossos pensamentos e nos afastamos do nosso verdadeiro eu, sentindo-nos pequenos, frágeis.
Quero me buscar, encontrar-me cada vez mais em mim mesma... e nunca mais me deixar...
terça-feira, 12 de maio de 2009
Opção
Osho
É preciso de muita coragem para seguir tal ensinamento.
Difícil deixar o conveniente, o confortável, saber que enfrentará dificuldades em razão de sua decisão.
Optar por deixar o socialmente aceitável e o honroso é fazer uma escolha que, certamente, estará repleta de críticas.
Mas, ainda assim, apesar de todos os obstáculos, materiais e morais, quando surgir o receio, devemos sentir o coração vibrar, deixar que ele nos impulsione, que nos dê força para não voltar em nossa decisão.
Não vamos olhar ao chão, sentindo somente as dificuldades, tampouco olhar ao céu, imaginando a perfeição. Devemos fixar os olhos no horizonte e seguirmos em frente, ciente de todo positivo e negativo que existe, sem perder a consiciência de que tudo é externo, de que o que importa é nosso interior, que, apesar de tudo, pode estar em paz.
Amputação
"João recebe a notícia: o Sr. terá de amputar a perna, caso contrário a infecção se espalhará e o levará ao óbito.
Ele pensava: como aceitar que um pedaço meu será retirado? Sei que estou doente já faz algum tempo, sei que tentei o possível para melhorar. E agora recebo a notícia que temia: tenho de amputar a perna.
A perna que está doente, que tem chagas, que já está morta... mas ainda me pertence.
Posso dizer não!!! Mas esse não vai me matar aos poucos... então, mesmo sabendo o quanto sofrerei terei de optar.
E João disse: que seja feito!"
Difícil perder um pedaço de nosso corpo. Mais difícil ainda é perder um pedaço de nossa alma, um pedaço que faz parte de nós enquanto pessoas, mas que está nos matando, razão pela qual temos de deixá-lo ir.
A alma fica capenga, tem uma ferida aberta, ainda sente fisgadas no pedaço que se foi.
Mas embora a dor pareça ser insuportável, é necessária, pois é o melhor a se fazer.
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Indecisões
Sempre fui uma pessoa indecisa em relação as minhas coisas.
Exemplificando em algo do cotidiano:
Vou em uma loja comprar um par de sapatos (meu ponto fraco - e da maioria das mulheres). É certo que, se gostar de mais de um par (o que é comum), ficarei na dúvida, não conseguindo me decidir por qual levar, demorando muito tempo para decidir (muito mesmo!!!).
Fico olhando para eles, pensando qual é o mais bonito, qual eu vou usar mais, qual eu preciso mais... enfim, todas as consequências possíveis se eu comprar um ou outro par de sapatos.
Na maioria das vezes acabo levando todos que gostei. O que gera um gasto grande e desnecessário. Evidente que usarei todos os sapatos, mas não precisava de tanto. Compro todos porque tenho de decidir e não consigo, então invento uma "razão" para adquiri-los.
Agora, quando opto apenas por um par, fico com a sensação de estar deixando algo. Claro que fico "feliz" com a compra (a falsa felicidade do consumismo - assunto para outro post), mas o par que eu não comprei me incomoda pela simples razão de que tive de deixá-lo para trás.
Esse é o motivo de minha indecisão: ter de abrir mão de algo. Ainda que não precise do algo, ele tem de estar lá, disponível para mim.
Perceber a razão de minhas indecisões já é um bom começo. Basta aprender a "abrir mão".
quarta-feira, 6 de maio de 2009
Silêncio
Sei que ele está aqui, querendo crescer, expandir-se...
O silêncio que traz a paz, que me leva a meu encontro comigo mesma, fazendo eu me enxergar por inteira.
Se ele está tão em mim, por que a dificuldade de eu estar nele?
segunda-feira, 4 de maio de 2009
sexta-feira, 1 de maio de 2009
Se (Hermógenes)
Alguma ansiedade me restar
E conseguir me perturbar;
Se eu me debater aflito
No conflito, na discórdia...
Se ainda ocultar verdades
Para ocultar-me,
Para ofuscar-me com fantasias por mim criadas...
Se restar abatimento e revolta
Pelo que não consegui
Possuir, fazer, dizer e mesmo ser...
Se eu retiver um pouco mais
Do pouco que é necessário
E persistir indiferente ao grande pranto do mundo...
Se algum ressentimento,
Algum ferimento
Impedir-me do imenso alívio
Que é o irrestritamente perdoar,
E, mais ainda,
Se ainda não souber sinceramente orar
Por quem me agrediu e injustiçou...
Se continuar a mediocremente
Denunciar o cisco no olho do outro
Sem conseguir vencer a treva e a trave
Em meu próprio...
Se seguir protestando
Reclamando, contestando,
Exigindo que o mundo mude
Sem qualquer esforço para mudar eu...
Se, indigente da incondicional alegria interior,
Em queixas, ais e lamúrias,
Persistir e buscar consolo, conforto, simpatia
Para a minha ainda imperiosa angústia...
Se, ainda incapaz para a beatitude das almas santas,
Precisar dos prazeres medíocres que o mundo vende...
Se insistir ainda que o mundo silencie
Para que possa embeber-me de silêncio,
Sem saber realizá-lo em mim...
Se minha fortaleza e segurança
São ainda construídas com os materiais
Grosseiros e frágeis
Que o mundo empresta,
E eu neles ainda acredito...
Se, imprudente e cegamente,
Continuar desejando
Adquirir,
Multiplicar,
E reter
Valores, coisas, pessoas, posições, ideologias,
Na ânsia de ser feliz...
Se, ainda presa do grande embuste,
Insistir e persistir iludido
Com a importância que me dou...
Se, ao fim de meus dias,
Continuar
Sem escutar, sem entender, sem atender,
Sem realizar o Cristo, que,
Dentro de mim,
Eu Sou,
Terei me perdido na multidão abortada
Dos perdulários dos divinos talentos,
Os talentos que a Vida
A todos confia,
E serei um fraco a mais,
Um traidor da própria vida,
Da Vida que investe em mim,
Que de mim espera
E que se vê frustrada
Diante de meu fim.
Se tudo isto acontecer
Terei parasitado a Vida
E inutilmente ocupado
O tempo
E o espaço
De Deus.
Terei meramente sido vencido
Pelo fim,
Sem ter atingido a Meta.