domingo, 31 de maio de 2009

Prece

Que a minha prece seja, não para ser protegido dos perigos, mas para não ter medo de enfrentá-los.

Que a minha prece seja, não para acalmar a dor, mas para que o coração a conquiste.

Permita que na batalha da vida não procure aliados, mas as minhas próprias forças.

Permita que não implore no meu medo, ansioso por ser salvo, mas que aguarde a paciência para conquistar a minha liberdade.

(Rabindranath Tagore)

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Por um momento

 

Por um momento sinto sob meus pés a areia branca e fofa. Sinto toda a sua certeza ingressando em mim pelas solas de meus pés, que parecem ter se tornado raízes.

Ouço a canção das ondas do mar, uma canção que transmite a mim toda sua paz e força.

Sinto em toda minha pele a energia do sol, um calor que penetra por todas minhas celulas, servindo-me, ao mesmo tempo, como calmante e excitante.

A brisa, que também me toca, traz a alegria.

Então, neste momento meu, inspiro lenta e profundamente o ar que me cerca, o mesmo ar que cerca a todos, e sinto a vida entrando em meu corpo, tocando meu espírito.

Sinto-me crescer, fico maior do que a praia, do que o mar... posso abraçar o mundo...

Este único momento me basta.

Então abro meus olhos, percebo tudo ao meu redor... a areia, o mar, o sol, a brisa... não estão mais aqui... volto a trabalhar.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Destino Vs Livre Arbítrio

Se existe o destino, não há o livre arbítrio. Se existe este, não há aquele.

Simplesmente porque não há como coexistir destino e livre arbítrio.

Como se afirmar que o destino é certo, se o homem tem as escolhas de seus atos e cada ato praticado leva a uma conseqüência, que, evidentemente, pode afastá-lo do suposto "destino".

Exemplificando: determinada pessoa nasce "destinada" a ser cientista e descobrir a cura do câncer. Contudo, ela não estuda, passa a juventude afundada em drogas, não cursa uma faculdade, decide trabalhar vendendo brincos em uma feira hippie. Evidente que o "destino" não vai acontecer, porque a pessoa, com seu livre arbítrio, não o quis.

Outro exemplo, a pessoa que nasce com o destino de viver até 90 anos, contudo, decide se matar e mergulha, em vôo livre, do quadragésimo andar de um prédio. Vai me dizer que ela não morrerá, porque não é seu destino?!?!?!?

Se assim o for, vou sair dirigindo meu carro a duzentos por ora, passar em todos os sinais vermelhos, não vou mais trancar minha casa, dormirei com as portas escancaradas... afinal, se não estiver no meu destino, nada de ruim irá acontecer... e se o ruim estiver no meu destino, ainda que eu seja precavida, ele irá ocorrer...

Sinto muito aos que crêem piamente no destino, mas ele não me faz o mínimo sentido para mim.

E, se o destino existe, não há livre arbítrio. Se a pessoa está destinada a ser engenheira, não poderá optar pela profissão de música. Não poderá optar por nada que seja diverso ou que a afaste do fadado "destino". Ou seja, havendo destino, não há livre arbítrio!!! Somos meros fantoches, que pensamos que podemos decidir algo em nossa vida.

Prefiro acreditar que há programações. Cada qual nasce (ou reencarna, para aqueles que acreditam) com uma programação. Se será cumprida ou não, está nas mãos da própria pessoa, que possui o livre arbítrio.

Por isso temos de pensar em cada atitude que tomamos, pois o nosso "destino" não está traçado, mas é feito por nós mesmos.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Encontro comigo

 

Nosso eu é muito maior do que possamos imaginar. Basta encontrá-lo por um segundo para verificarmos como somos fortes, como somos grandes, como somos "Deuses e não sabemos".

Contudo, acabamos nos perdendo em nossos pensamentos e nos afastamos do nosso verdadeiro eu, sentindo-nos pequenos, frágeis.

Quero me buscar, encontrar-me cada vez mais em mim mesma... e nunca mais me deixar...

terça-feira, 12 de maio de 2009

Opção

"Sempre que houver alternativas tenha cuidado. Não opte pelo conveniente, pelo confortável, pelo respeitável, pelo socialmente aceitável, pelo honroso. Opte pelo que faz o seu coração vibrar. Opte pelo que gostaria de fazer, apesar de todas as consequências."
Osho

É preciso de muita coragem para seguir tal ensinamento.

Difícil deixar o conveniente, o confortável, saber que enfrentará dificuldades em razão de sua decisão.

Optar por deixar o socialmente aceitável e o honroso é fazer uma escolha que, certamente, estará repleta de críticas.

Mas, ainda assim, apesar de todos os obstáculos, materiais e morais, quando surgir o receio, devemos sentir o coração vibrar, deixar que ele nos impulsione, que nos dê força para não voltar em nossa decisão.

Não vamos olhar ao chão, sentindo somente as dificuldades, tampouco olhar ao céu, imaginando a perfeição. Devemos fixar os olhos no horizonte e seguirmos em frente, ciente de todo positivo e negativo que existe, sem perder a consiciência de que tudo é externo, de que o que importa é nosso interior, que, apesar de tudo, pode estar em paz.

Amputação

"João recebe a notícia: o Sr. terá de amputar a perna, caso contrário a infecção se espalhará e o levará ao óbito.
Ele pensava: como aceitar que um pedaço meu será retirado? Sei que estou doente já faz algum tempo, sei que tentei o possível para melhorar. E agora recebo a notícia que temia: tenho de amputar a perna.
A perna que está doente, que tem chagas, que já está morta... mas ainda me pertence.
Posso dizer não!!! Mas esse não vai me matar aos poucos... então, mesmo sabendo o quanto sofrerei terei de optar.
E João disse: que seja feito!"

Difícil perder um pedaço de nosso corpo. Mais difícil ainda é perder um pedaço de nossa alma, um pedaço que faz parte de nós enquanto pessoas, mas que está nos matando, razão pela qual temos de deixá-lo ir.

A alma fica capenga, tem uma ferida aberta, ainda sente fisgadas no pedaço que se foi.

Mas embora a dor pareça ser insuportável, é necessária, pois é o melhor a se fazer.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Indecisões


Sempre fui uma pessoa indecisa em relação as minhas coisas.

Exemplificando em algo do cotidiano:

Vou em uma loja comprar um par de sapatos (meu ponto fraco - e da maioria das mulheres). É certo que, se gostar de mais de um par (o que é comum), ficarei na dúvida, não conseguindo me decidir por qual levar, demorando muito tempo para decidir (muito mesmo!!!).

Fico olhando para eles, pensando qual é o mais bonito, qual eu vou usar mais, qual eu preciso mais... enfim, todas as consequências possíveis se eu comprar um ou outro par de sapatos.

Na maioria das vezes acabo levando todos que gostei. O que gera um gasto grande e desnecessário. Evidente que usarei todos os sapatos, mas não precisava de tanto. Compro todos porque tenho de decidir e não consigo, então invento uma "razão" para adquiri-los.

Agora, quando opto apenas por um par, fico com a sensação de estar deixando algo. Claro que fico "feliz" com a compra (a falsa felicidade do consumismo - assunto para outro post), mas o par que eu não comprei me incomoda pela simples razão de que tive de deixá-lo para trás.

Esse é o motivo de minha indecisão: ter de abrir mão de algo. Ainda que não precise do algo, ele tem de estar lá, disponível para mim.

Perceber a razão de minhas indecisões já é um bom começo. Basta aprender a "abrir mão".

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Silêncio

Onde encontro o silêncio que está em de mim?
Sei que ele está aqui, querendo crescer, expandir-se...
O silêncio que traz a paz, que me leva a meu encontro comigo mesma, fazendo eu me enxergar por inteira.
Se ele está tão em mim, por que a dificuldade de eu estar nele?

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Aqui & Agora


O Presente:

único espaço de tempo real e eterno.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Se (Hermógenes)

Se, ao final desta existência,
Alguma ansiedade me restar
E conseguir me perturbar;

Se eu me debater aflito
No conflito, na discórdia...

Se ainda ocultar verdades
Para ocultar-me,
Para ofuscar-me com fantasias por mim criadas...

Se restar abatimento e revolta
Pelo que não consegui
Possuir, fazer, dizer e mesmo ser...

Se eu retiver um pouco mais
Do pouco que é necessário
E persistir indiferente ao grande pranto do mundo...

Se algum ressentimento,
Algum ferimento
Impedir-me do imenso alívio
Que é o irrestritamente perdoar,

E, mais ainda,
Se ainda não souber sinceramente orar
Por quem me agrediu e injustiçou...

Se continuar a mediocremente
Denunciar o cisco no olho do outro
Sem conseguir vencer a treva e a trave
Em meu próprio...

Se seguir protestando
Reclamando, contestando,
Exigindo que o mundo mude
Sem qualquer esforço para mudar eu...

Se, indigente da incondicional alegria interior,
Em queixas, ais e lamúrias,
Persistir e buscar consolo, conforto, simpatia
Para a minha ainda imperiosa angústia...

Se, ainda incapaz para a beatitude das almas santas,
Precisar dos prazeres medíocres que o mundo vende...

Se insistir ainda que o mundo silencie
Para que possa embeber-me de silêncio,
Sem saber realizá-lo em mim...

Se minha fortaleza e segurança
São ainda construídas com os materiais
Grosseiros e frágeis
Que o mundo empresta,
E eu neles ainda acredito...

Se, imprudente e cegamente,
Continuar desejando
Adquirir,
Multiplicar,
E reter
Valores, coisas, pessoas, posições, ideologias,
Na ânsia de ser feliz...

Se, ainda presa do grande embuste,
Insistir e persistir iludido
Com a importância que me dou...

Se, ao fim de meus dias,
Continuar
Sem escutar, sem entender, sem atender,
Sem realizar o Cristo, que,
Dentro de mim,
Eu Sou,
Terei me perdido na multidão abortada
Dos perdulários dos divinos talentos,
Os talentos que a Vida
A todos confia,
E serei um fraco a mais,
Um traidor da própria vida,
Da Vida que investe em mim,
Que de mim espera
E que se vê frustrada
Diante de meu fim.

Se tudo isto acontecer
Terei parasitado a Vida
E inutilmente ocupado
O tempo
E o espaço
De Deus.
Terei meramente sido vencido
Pelo fim,
Sem ter atingido a Meta.